terça-feira, 25 de agosto de 2009

Corrida

terça-feira, 25 de agosto de 2009
Autor: Eddie J.K.
Classificação: L
Obs: Inspirado pela música "Acredito em Anjos"
da banda Nova Bossa.




Estou correndo, estou correndo; por dentre de campos abertos, por dentre de sonhos imagináveis. Estou deixando o passado para trás, apenas levando comigo certas lembranças, aprendizados, que podem me impulsionar para mais longe.

Persigo o pássaro verde, procuro o pote de ouro. Cadê? Algum dia irei achar a minha paz, a minha felicidade? Cadê o meu sol?

Acredito em anjos, acredito que as nuvens acima me aguardam; acredito que há alguém nesse mundo para mim, alguém que pode viver essa eterna solidão ao meu lado.

Você me disse que ama, mas não o amo. Eu te disse que eu te amo, mas você não me ama. Alguma vez nós encontraremos nessas contradições? Alguma vez nos encontraremos nesses parágrafos?

Talvez não seja você, talvez seja. Como irei saber? De espirito jovem, ainda corro sem sentido e sem nenhum plano, corro entre chuvas e tempestades, entre dias ensolarados e arco-iris; mas nunca paro.

Nada pode me fazer parar.

Por isso, tropeço e tropeço, mas nunca caio para trás, estou sempre correndo, correndo; até chegar no final, onde finalmente correrei para os braços quentes e reconfortantes da Morte.

Dia de chuva (ou conversa de botas batidas)

Autor: Branca
Classificação: L

-”Ah, dane-se. Os velhos falam sozinhos e eu sou velho. E eu nem falo muito com as pessoas que eu cuido, não quero que me chamem de velho maluco, sabe? E, de qualquer jeito, o senhor morreu, não é como se você fosse se importar muito com isso. Na verdade, desde que eu comecei a trabalhar aqui acho que essa é a primeira vez que eu falo com um cadáver. Não, não precisa se preocupar, não é a primeira vez que ninguém vem num velório. Mas das outras vezes que eu estava sozinho, não estava chovendo, aí eu ficava do lado de fora, pegando um sol. Faz bem pros ossos. Mas hoje eu não posso me arriscar a ficar na chuva e pegar uma pneumonia. Com a minha idade não se brinca com essas coisas, não é? Até porque de tanto conversar com a moça da funerária eu acho que eu estou virando meio hipocondríaco. Eles sempre têm umas histórias horríveis sobre os mortos. Antigamente as pessoas morriam porque ficavam velhas e pronto. Hoje não, é assassinato, é doença esquisita, é suicídio... O senhor não ia acreditar na quantidade de suicidas que aparecem aqui. A família esconde, sabe como é, pra poderem enterrar o dito cujo direito. Mas a gente sempre sabe. O velório fica com um clima diferente. Eu geralmente aposto com o Carlinhos, pra ver quem adivinha do quê o defunto morreu. Você tem cara de câncer. Ou Alzheimer. Eu sempre acerto. Acho que é porque eu trabalho aqui já tem... deixe-me ver, eu vou fazer setenta e dois em abril, então... vinte... vinte e oito anos que eu trabalho aqui. Antes eu era policial, mas aí quando eu vi que abriu uma vaga pra segurança da capelinha eu não pensei duas vezes. Era muito difícil pra minha esposa, que deus a tenha, me ver trabalhando na polícia, era muito arriscado. Aqui é mais calmo. Eu trabalho de dia, e de noite o Carlinhos me substitui. Morro de medo de ficar aqui de noite, no escuro. Não que eu acredite em fantasmas. Mas se eu encontro uma alma penada eu tenho um enfarto. Infarto. Será que foi assim com você também? E se eu enfartar quem vai cuidar do cachorro? Ele está tão velho que nem os meus netos, que são umas pestes, você precisa ver, conseguem fazer ele brincar. E os meus filhos sempre reclamam que não dá pra cuidar de um animal num apartamento. Só a minha mulher que nunca reclamava dele. Olha, seis horas, já. O Carlinhos já deve estar chegando. Tchau. Mas que coisa de louco, se despedir de um morto! Estou virando um velho maluco mesmo. Mas, ah, eu falo com o meu cachorro, ele também não me responde e ninguém diz que eu sou maluco por causa disso. E às vezes faz bem ouvir o som da sua própria voz. Principalmente quando você passa tanto tempo sozinho, que nem eu. Pensando bem, você deve estar se sentindo um pouco sozinho também. Mas eu aposto que amanhã, no seu enterro vai tem um bando de gente. Quem sabe eu não venho também, hein? Vou tentar até trazer umas flores pra você. Tem umas flores brancas tão bonitas na floricultura da minha rua, mas eu nunca consigo lembrar o nome. Ah, quer saber? Acho que vou esperar aqui até o Carlinhos chegar, pra você não ficar sozinho. Você não se importa se eu dormir um pouquinho, não? Velho tem muita insônia, então tem que aproveitar quando o sono aparece. Além do quê, eu posso pegar o guarda-chuva do Carlinhos emprestado quando ele chegar, eu não quero me molhar e essa chuva não tem cara de que vai parar tão cedo. Bom, boa noite então.

- Boa noite.”

domingo, 23 de agosto de 2009

Sem título

domingo, 23 de agosto de 2009
Autor:Jogate
Classificação: L



O meu sentimento não diminui ou aumenta

Estou em um momento terrível , meu deus será que a minha cabeça aguenta?

Não esqueço os momentos que passamos juntos e que aproveitamos o Sol e a Lua

Era fácil sorrir , bastava te chamar e te ver vindo pela rua

Agora aquilo tudo me parece tão distante

Passo por um momento difícil em que lembro de você a todo instante

Seu carinho e seu afeto estão me fazendo muita falta

Choro agora todos os dias por que você se distanciou de mim e foi para longe para a montanha mais alta

Necessito de você mais uma vez dizendo que me ama,mesmo sendo uma ilusão

Você não entende, estou com a corda no pescoço e e preciso nesses últimos momentos acalmar meu coração.

O carrasco está para chegar

A minha sentença ele já sabe só falta finalizar

Minha boca séca e se fecha

Mas meu coração não se aquieta

Lembra de quando você riu em meus braços ate chorar?

Daria o que restou da minha vida para naquele instante voltar.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Mar Revolto

terça-feira, 11 de agosto de 2009
Autor: Eduarda
Classificação: 14+





Seu coração batia rápido, acelerado como sua respiração, um frio passando por sua espinha e suas mãos – encharcadas de suor e um liquido vermelho, quente e denso. Era sangue.

Fechou os últimos botões de seu sobretudo, escondendo sua blusa manchada de sangue. No seu bolso, a arma de metal pesava toneladas. Fechou os olhos e pôs-se a deslizar na parede, sentando no meio-fio. Tentou se acalmar respirando lentamente, sentindo o cheiro salgado do mar das docas invadir seu corpo. O mar lhe dava uma sensação de paz, e logo, logo, seu coração não estava martelando em seu peito.

Lembrava-se do que havia acontecido; tudo parecia ser como um filme passando por detrás de suas pálpebras. Joaquim fechou os olhos e as memórias vieram em sua cabeça, vividas e perturbadoras.

Estava sentado em uma poltrona em frente a uma lareira. Olhava para o relógio, impaciente, e depois para a porta, ansioso. Esperava, esperava, esperava; podia ouvir cada rangido daquela casa e o pêndulo do relógio escoava em todos os cantos, o “tic... tac...” repetia-se eternamente pelo ar. Uma vez ou outra tirava o revolver do bolso e o examinava, conferindo se as balas estavam ali, e voltava a guarda-lo.

Finalmente, ouviu passos vindos do assoalho do corredor, e logo a porta abriu, rangente. Uma mulher alta, loira de cabelos que lhe caiam nas costas de maneira bagunçada e de intensos olhos azuis apareceu, rindo e beijando um homem duas vezes maior que Joaquim, ombros largos e queixo protuberante. Ora, quem diria que sua esposa estaria cometendo adultério com o amigo de infância do homem?

Joaquim pigarreou, anunciando a sua presença no recinto. Pareciam tê-lo notado; os dois pararam abruptamente quando viram que Joaquim encontrava-se ali, com um sorriso estranho no rosto.

-Joaquim...? - disse sua mulher, com a voz ofegante.

Sua mulher e seu melhor amigo... Sua mulher e seu melhor amigo...”, pensava constantemente. Sentia uma vontade de rir, rir de si mesmo por ser bobo ao pensar que os dois eram fiéis a ele.

-Me desculpe... Foi algo que aconteceu, não era algo que queríamos... - seu amigo balbuciava, tropeçando em palavras.

Sem pensar e sem dar explicações, sacou o revolver e atirou nos dois, abafando o barulho ensurdecedor com a almofada. Os dois corpos caíram sem vida no chão com um baque surdo, com os olhos vidrados e assustados, os lábios entreabertos pelo grito silencioso que nunca saiu de suas bocas.

Não se importava que tinha acabado de cometer dois homicídios. Nada mais lhe importava – tudo que tinha significado era seu amor pela sua mulher e por seu melhor amigo, mas agora Joaquim soube que isso também fora insignificante; era tudo apenas uma farsa, uma enorme peça de teatro.

Foi até o canto da sala, cantarolando a música da primeira dança dos noivos em seu casamento, saltando pelos dois corpos no chão como se fossem meros objetos. Chegou até o corredor, onde havia deixado uma garrafa de querosene, e a trouxe até a sala. Espalhou querosene por todo lado, fazendo questão de encharcar os dois corpos naquele liquido. Assim que o galão já estava vazio e a música havia acabado, jogou o recipiente para o lado e dirigiu-se até sua mulher – quer dizer, ex-mulher – e quis tirar-lhe a aliança. Não conseguiu.

-Sem pressa, sem pressa... - sussurrava para si mesmo - Não tenho pressa...

Voltava a cantarolar a música. Como não conseguia, pegou uma faca e cortou o dedo anelar de sua mão, retirando a aliança de seu dedo e colocando-a no bolso. Jogou o pedaço de seu dedo no chão, acabando por sujar sua blusa de sangue. Deu de ombros e levantou-se, olhando ao redor. Algumas faíscas jorravam para fora da lareira, e pouco a pouco, foram queimando umas fotos largadas no chão; o fogo aumentava de uma forma ameaçadora, criando rastros e labirintos por todos os lados.

Joaquim não se importou que estava pondo fogo na própria casa. Saiu de lá, sem antes pegar o guarda-chuva por causa da chuva que começava a cair. Caminhou por um tempo, e logo viu a casa inteira começar a sucumbir pelo fogo que aumentava. Os vizinhos acordaram, assustados, berravam freneticamente, corriam pelo telefone para chamar os bombeiros ou corriam pela rua; mas ninguém parecia notar numa figura que andava meio apressado e meio devagar, cantarolando uma melodia dos Beatles no meio de toda aquela berraria.

Agora, sentado no meio fio perto das docas, Joaquim pegou o anel ensangüentado no bolso e viu este reluzir na fraca luz vinda do poste. Sorriu, e quem ria por ultimo ria melhor. Jogou o anel no mar, esperando que este fosse levado embora – assim como o amor e a vida de sua esposa.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Música oculta

sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Classificação: 16+
Autor: Lorena




Ele está tocando, uma musica que eu desconheço, mas ela entra pela minha pele, pelos meus ouvidos, e eu me arrepio, me estabilizo. Sinto uma conformidade do local, do ritmo lento de um violino, de um homem bonito, de um sexo quente. [Sei que em minhas escrituras costumo citar o sangue, o amor, o calor, o sexo. Ele está presente na minha vida, no momento em que escrevo. Por mais que haja esse tal tabu ao falar de algo tão bom para nós, é assim que me sinto.]

O tal homem é sério, é de estatura media, moreno, centrado naquilo em que estuda no momento. Seus sapatos são de alguém jovem, que gosta de moda. A parte da perna que posso ver antes da bermuda é peluda, chamativa. Usa um casaco azul, faz frio. Sua boca não é nem tão carnuda nem tão fina, é bonita. Seus olhos são escuros, feito um chocolate quente, como seu cabelo. Sua voz agora não escuto, mas presumo que seja simples, direta, sem extravios. Sua partitura agora se encontra sozinha. Mostra símbolos que se transformam em poesia no momento em que ele passa para seu instrumento. Estou em seu quarto, a alguns metros distante. Sentada numa cama, olhando suas costas, sua concentração.

Em um instante o som para, e depois volta. Em cima de sua partitura, alem do livro com aqueles tais símbolos, existe um aparelhinho. Não sei para o que ele possa servir, mas sei que a cada nota diferente que sai do violino, uma letra diferente aparece no tal aparelho. Ele voltou, seu queixo encosta no instrumento. Para de tocar e passa algo em seu arco, como se passasse giz no taco de sinuca. Volta a tocar. O ensaio para novamente, ele vem até mim, está com sede. Lhe indico o caminho da água, depois de um tempo ouço a musica novamente e as letrinhas mudarem no tal aparelho. Ele questiona o que venho a escrever, recuo. E a musica volta, vou-me embora, me apaixono fácil. Não consigo ir embora, o som me chama, e ele também.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Rainha de copas

quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Classificação: L
Autor: Jogate
Texto produzido durante a oficina.
Recebemos a seguinte frase: "Roberto foi ao cassino, ganhou um milhão de dólares, voltou pra casa e se matou." e tivemos que criar uma história.







Estou a caminho de casa agora com 1 milhão de dólares na conta, mas como eu cheguei aqui?

A pouco mais de um mês me senti muito cansado e fui ao médico, fiz uns exames e foi diagnosticado que eu tinha um efizema pulmonar, e que estava em estado termina.No caminho de volta para casa pensei nas minhas poucas conquistas: um emprego sem grandes ambições, não tenho grandes amigos e nem mesmo uma familia. Lembrei-me então de Rosa, minha primeira grande paixão, que eu deixei por medo ao vê-la grávida.Então tomei uma decisão.

Na semana seguinte a procurei no seu endereço antigo, descobri que ela morrera anos atrás no parto de nossa filha Paola.Peguei o endereço da minha filha e fui atrás dela.

Ela morava naquela mesma cidade, cheguei depressa ao local.
Toquei a campainha, e a cada toque meu coração acelerava mais e meu coração se enchia de esperanças.

Quando ela atendeu fiquei pasmo ao ver aqueles olhos castanhos mais uma vez, aquele cabelo negro, que antes me conquistou no corpo de sua mãe.Ela confirmou na porta mesmo que era Paola filha de Rosa e me deixou entrar,Contei com grande entusiasmo que era seu pai, fiquei muito emocionado, mas Paola debulhou em lágrimas e despejou o que mais de 20 anos de descaso fazem.

Me senti envergonhado, e sai com um peso no coração.

Um dos vizinhos disse que nunca a viu assim e aquela havia dito para que esse pai Roberto nunca mais a procurasse, entendi o recado e fui embora.

Fui para o cassino local onde conheci minha amada, queria poder entrar em contato com
ela.

Bebi uma dose de uísque e fui jogar, apostei alto, meu valioso carro, com mais 5 homens, havia jogado poucas vezes, não queria ganhar queria perder para ver se iria me sentir melhor, mas quis o destino ou Rosa que eu ganhasse, ganhei com uma dama de copas carta da sorte de Rosa.

Mas o que fazer com aquele dinheiro?

Agora estou aqui no meu carro andando sem saber para onde, queria poder entregar esse dinheiro a minha filha, mas ela não aceitaria; a menos que ela não tivesse escolha.

Estou acelerando,acelerando,para ir encontrar,encontrar Rosa; vejo uma luz,seria ela? Espero que sim.




Roberto se matou, jogando-se da estrada deixando tudo para sua unica filha, Paola.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

NOTA

quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Olá.

Como podem ver, o blog mudou de layout.

O blogger deu a louca e mexeu em tudo - então todos os widgets foram apagados. Estou trabalhando para colocar tudo que tinha antes; e por favor, se houver algo que eu tenha esquecido, me avise para eu providenciar logo.

Durante esse tempo, o blog estará em fase de beta - ou seja, estarei testando novos templates.

Também gostaria de lembrar que outra escritora se juntou a nós, a Rachel (a.k.a Kel).





Post Scriptum: Desculpe-nos por qualquer transtorno.



O Telefone

Classificação: L
Autor: Bequi





O telefone toca, ninguém atende. Há três anos que o telefone não toca e quando toca, ninguém atende. O telefone é vermelho, seu contraste com a sala escura é grande, seu barulho ecoa pela casa.

Dona Firmina entra na sala, olha o telefone, não acende a luz. Tinha esquecido o som do aparelho, secava as mãos no vestido e andava arrastando os pés, pés que calçavam uma pantufa velha com meias de pares diferentes. Dona Firmina mal enxergava, mas mesmo assim encarava o telefone. Seu telefone.

Não pensava muito, apenas a curiosidade de saber quem ousara discar seu número. Seria engano? Seria um antigo amigo? Ou seria... ah se fosse! Seu ex-marido. Este que a deixara há anos, poderia estar ligando? Seu coração batia, as mãos começavam a suar frio e o telefone tocava. De repente silêncio. Um silêncio atordoante. Dona Firmina aproximou seu ouvido do aparelho. Nada. Nem mais um toque. Sentou-se na poltrona ao lado do telefone. E se tivesse sido ele? E se estivesse arrependido e a procurado por todos esses anos? Começaram as lembranças. Lembrou-se dos bons tempos e de como foi feliz.

O telefone voltou a tocar. Dona Firmina ia atendê-lo alegre, esperançosa. Lembrou-se da espera. Abaixou a mão que quase levantara o telefone do gancho. Lembrou-se da traição. Lembrou-se das brigas. A raiva subiu-lhe à cabeça. Lembrou-se do tapa e da fuga. O telefone continuou tocando. A cada toque, sua raiva aumentava. O telefone tocou uma quinta vez, Dona Firmina tomou coragem, atendeu:

- Alô? – Disse com as mãos tremendo de raiva.

- Bom dia, Dona Firmina?

- Sim – Falou em tom baixo.

- Aqui é do banco Itaú, gostaria de saber se a senhora não está interessada na nova promoção do cartão...

Desligou o telefone, puxou a tomada do aparelho e foi dormir.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Mariage Frères

segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Classificação: 12+
Autor: Branca
Obs: Esse texto foi realizado dentro da oficina de escrita.
A idéia era todos escreverem dois personagens num papel, e depois
trocarmos um com o outro para escrever uma história com
dois personagens completamente diferentes.
Nessa história, um era chocolatier - e o outro era jogador de futebol.
Aproveite, e eu aconselho não ler enquanto estiver comendo chocolate.
Personagens:
Jacques Pierces:
Feito por: Eduarda
-26 anos de idade
-cabelo loiro e longo, olhos castanhos. É um tanto baixinho e não é dotado de uma beleza extraordinária
-Toca piano
-trabalhava como chocolatier em sua própria fábrica. Porém enlouqueceu e virou um psicopata – e ele transformava suas vítimas em chocolate
-adora ler e adora música
-era casado, porém matou sua esposa
-século XIX, origem: Bordeaux, França
-é bem humorado e adora fazer piadas, entretanto, seu aspecto é totalmente sombrio e assustador
-de tanto sofrer no passado, a dor já virou sua amiga
-gosta de xadrez
-anda sempre de luvas e cartola

Kevin:
Feito por: Jéssica
-28 anos
-loiro
-jogador de futebol
-sincero
-alto
-impaciente
-não se preocupa com os problemas do mundo externo
-fuma
-filho adotivo
-insatisfeito com a sua vida
-influenciável
-bricalhão





Meu único indício era um recorte de jornal sobre gastronomia francesa. Peguei uma barca de Londres até Paris e de lá uma carruagem até Besançon, onde um caixeiro viajante me levou até a pequena cidade que eu buscava. No endereço indicado, em vez da chocolataria, encontrei uma boulangerie, que, ao contrário das padarias inglesas, tinha pães excelentes e um padeiro antipaticíssimo. Aparentemente, o homem que eu procurava estava preso, e seria executado no sábado seguinte. Gastei todo o meu francês tentando explicar para o prefeito que um assunto de família urgente me obrigava ver o prisioneiro, mas consegui permissão para visitá-lo.

-Monsieur Pierces?

- O que que é agora?

-Tem um senhor que deseja vê-lo.

-Ver-me? Pois então que entre.

O carcereiro abriu a porta da cela, revelando uma sala bem mais habitável do que eu esperava. No canto esquerdo, abaixo da janela, excessivamente engradada, estava uma cama, uma mesa para estudo e, sentado em uma bela poltrona de veludo, um homem muito magro, não muito alto, com cabelos loiros que precisavam desesperadamente ser lavados e cortados, mas, fora isso, ele estava vestido como um perfeito gentleman.

Levantou os olhos de seu livro:

-Não o conheço. Pode mandá-lo embora.

E voltou a sua leitura. O carcereiro já ia impedir a minha entrada, mas eu insisti:

-Monsieur Jacques, tenho um assunto de máxima importância para tratar com o senhor.

Desta vez ele levantou os olhos do livro parecendo interessado.

-Ah, mas é um Britishman. Você não tinha me dito isso. Entre, entre, tenho justamente algumas perguntas a fazer sobre vocabulário. Byron pode ser uma tanto, hm, tricky, como vocês dizem.

O carcereiro me olhou com certa desconfiança, mas me deixou entrar.

-Sente-se, sente-se, disse ele, puxando uma cadeira de sua mesa de estudo. Não entendo como os demais prisioneiros reclamam da solidão. Esses carcereiros me interrompem o tempo todo com os assuntos mais triviais. Imagine, eu estava ensaiando uma peça de Bach e eles me obrigaram a parar para me avisar que o presidente Faure estava disposto a me absolver se eu me internasse de novo num sanatório. Excuse my french, como vocês diriam, mas eu os mandei à merda, você sabe como é difícil tocar Bach sem partitura. Mas desculpe-me a indelicadeza, aceita um chá? Tenho Erva-Doce, Jasmim e Canela, ou o senhor prefere chá preto? Talvez com uma lágrima de leite, como os seus compatriotas?

-Não, obrigado. Talvez mais tarde.

-Tem certeza? É da melhor casa de chás de Paris, Mariage Frères, que fica perto do Jardin des Plantes.

-Obrigado. Mas diga-me, o senhos nem ao menos considerou a proposta?

-Do sanatório? Claro que não. Bem, eu perguntei se lá eu teria diretio a um piano, já que aqui só me deixaram trazer o meu violino. Me disseram que não, então por que eu iria querer ir pra lá? Sim, eles me manteriam vivo, eu sei, mas todos nós vamos morrer um dia, não é mesmo? Além do mais, acho que eu não me adaptaria ao século XX. Mas perdoe-me, estou falando sem parar e não dei tempo para que o senhor se apresentasse.

-Também foi indelicadeza minha não me apresentar antes de entrar. Meu nome é Kevin,

-Kevin? Monsieur Kevin...?

-Van Wyngarden. Kevin van Wyngarden. O senhor se importa se eu fumar?

-Claro que não, não se preocupe comigo. O senhor é de origem alemã? Austríaca, talvez?

-Alemã. Quer dizer, meus pais são. A família Van Wyngarden tinha um condado perto de Stuttgart.

-O senhor por acaso não seria parente de Johan Van Wyngarden?

-Sou. É meu pai.

-Pois saibe que eu sou um grande admirador de seus poemas. Só pude estuda-lo depois de mais velho, porque não se podia falar sobre ele na presença de meus pais. Certa vez, eu era muito jovem ainda, trouxe para casa um volume de poemas de Sir Van Wyngarden. Meu pai teve um acesso de raiva, e minha mãe uma crise de choro. Fui proibido de prosseguir e minha leitura e de continuar com as aulas de alemão. Na verdade, só fui descobrir que eles se conheciam pessoalmente anos depois da morte de meu pai, quando encontrei suas memórias.

-Não sabia que seu pai estava morto. Tinha esperança de conseguir seu endereço. Sua mãe...

-Morreu também, antes dele, até. Não sobrou nenhum Pierces em Bordeaux. E sábado à tarde não sobrará mais nenhum no mundo. Sou filho único, e meu pai só teve irmãs. Mas agora me ocorre uma coisa, uma vez vi uma foto de seu pai. O senhor não se parece em nada com ele. Deve se parecer com sua mãe, não?

-Tenho minhas razões para pensar que sou adotado..

-Oh.

Ele ficou silencioso alguns instantes.

-Monsieur Van Wyngarden, sinto muito ter causado tanto transtorno e ter feito o senhor cruzar o canal da Mancha, mas eu não sou o seu verdadeiro pai, je suis desolé.

Sorri. Para um francês até que Monsieur Pierces tinha senso de humor.

-Quantos anos o senhor tem?

-Vinte e oito. Vinte e nove em outubro.

-Vejamos. Bom, se meus cálculos estiverem certos, o senhor nasceu qunado eu tinha menos dois anos. Não adiantea insistir, não vou incluir o senhor no meu testamento. Quer jogar xadrez?

Não queria, não quis admitir que não sabia jogar.

- Monsieur Pierces, não quero parecer intrometido, mas permita-me perguntar, por que o senhor foi condenado?

-Pensei que já tivessem contado para o senhor. Só se fala nisso nessa cidadezinha de merda. Desde que aquele padrezinho parisiense filho do carpinteiro tentou matar a amante na igreja, não aconteceu mais nada nessa cidade. E olha que isso tem mais de sessenta anos!

-Mas, Monsieur Pierces, conte-me.

-Claro, claro. É que, como foi que eles disseram mesmo? Cometi um atentado contra a moral e a saúde pública. E matei algumas pessoas, mas ninguém de muita importância. Ah, sim, minha esposa. Mas bem, quando descobriram, me mandaram para um sanatório: Maison Sainte-Guenièvre, perto de Théoul-sur-Mer, no Sul, dirigida pelo Professeur Plume. Aí então a família da minha mulher conseguiu que eu fosse julgado novamente e eu vim pra cá. Mas eu falo demais, conte-me sobre a sua vida.

-Não é muito interessante. Cresci em Surrey, fiz faculdade em Londres, mas agora sou atleta. Jogo futebol num time chamado Arsenal.

-Futebol? Que exótico. É uma profissão do futuro. Eu sou um homem do século XIX. Já era predestinado a morrer em 1899. Só esperava que fosse de uma maneira mais suave do que com uma guilhotina. E o senhor parece um homem feito para o século XX. Parece também um tanto insatisfeito agora, mas as coisas devem melhorar para você na virada do século.

- O senhor diria que sofro desse tal de mal du siécle?

-Diria que todos nós sofremos. E quando não é do nosso, é de outros. E o tempo, bem , o tempo nunca foi muito amigo de ninguém, não é mesmo?

-Monsieur Pierces, odeio ter que ser mais intrometido, mas preciso perguntar, por que o senhor matou essas pessoas?

Ele ficou silencioso alguns instantes, mas respondeu sem nenhuma afetação, do mesmo jeito rápido de antes:

-Bem, primeiro eu matei só para saber como era. Sempre me disseram que quem vê a morte de perto dá mais valor à vida. Então eu quis ver a morte de muito perto, olhar em seus olhos, tocá-la. Eu queria abraçá-la, dançar com ela. Como sou covarde demais para tentar me matar, resolvi usar olhos de outro. Me encontrei com um cadáver que precisava ser escondido. Eu ia queimá-lo no forno da fábrica, quando pensei que poderia derreter o corpo junto com o chocolate. Era só triturá-lo até virar uma pasta e misturar bem. Deu trabalho, mas depois que tirei os ossos ficou bem mais fácil. No dia seguinte, um domingo, dei os ossos para uns cachorros e fui distribuir chocolate na saída da igreja. Acabaram em meia hora. No dia seguinte, as crianças da cidade vieram comprar outros, mas reclamaram que o gosto não era o mesmo. Então eu me vi obrigado a matar mais algumas pessoas para assegurar o meu estoque de matéria-prima. Meu único erro foi matar a minha esposa. Minto, na verdade, meu único erro foi não ter pensado num álibi.

-Mas o senhor viu a morte de perto, isso não o fez valorizar a vida? Se não a das suas vítimas, pelo menos a sua própria?

-Mas é claro que não. Morte, só se vê a própria. Só vou entender a vida quando vir o palanque da guilhotina. Ou quando a lâmina cair, não sei. Mas talvez eu descubra que não vale a pena mesmo.

-E o chocolate, era realmente melhor?

-Não sei. Não como carne, não provei. Agora, se o senhor me dá licença, gostaria de terminar a minha leitura. O senhor me entende, não gosto de deixar coisas inacabadas e não tenho todo o tempo do mundo. Oh, mas como sou rude, perdoe-me, o senhor ainda não me disse o que o trouxe aqui.

-Minha mãe estava muito doente quando deixei a Inglaterra, talvez já esteja morte. Ela me mandou procurar o senhor, só não me disse a razão. Disse que você saberia.

-Eu?

-Bom, ela me mandou procurar por Monsieur Jacques Pierces, mas acho que ela queria dizer o seu pai. Eu não saia como encontrá-lo, e quando vi a resenha sobre os Chocolats Pierces no jornal, não me ocorreu que pudesse ser um homônimo. Mas também fui rude, o senhor não queria me perguntar o significado de uma palavra? Me parece que foi para isso que me convidou para entrar;

-Oh não, não. Foi só uma desculpa. A verdade é que eu simpatizei com o senhor. Imagine, domino melhor a língua inglesa que muitos formandos de Oxford!

-Se o senhor não se incomodar, eu tenho uma pergunta. Mariage Frères, isso seria algo como “irmãos casados”?

-Não, não, que idéia! É “Irmãos Mariage”, “Irmãos Casamento”. Não sei se concorda comigo, mas eu acho um nome belíssimo, a idéia de irmãos trabalhando juntos já é bonita em si, e o “casamento” no sobrenome só faz reforçar a união entre eles.

-Realmente, é um belo nome.

Estava levantando da cadeira quando ele me interrompeu.

-Espere um minuto, sim?

Pegou um dos livros que estava em sua mesa, arrancou algumas páginas escolhidas e me entregou o volume desfalcado.

-São as memórias de Jacques Arthur Léopold Pierces, meu pai. Tomei a liberdade de arrancar algumas páginas, gostaria de tê-las comigo no sábado. Engraçado. Reparei agora que o senhor tem alguns traços que me lembram ele. Pena que não tenho nenhuma foto para mostrá-lo.

-O senhor tem certeza? Depois da desavença acho que a última coisa que seu pai iria querer é que um Van Wyngarden ficasse com algo dele.

-Justamente. Prazer um conhece-lo, Monsieur Kevin. Escreva suas memórias de homem moderno, e não se esqueça de mim, não esqueça que um dia conheceu um homem que perdeu a cabeça. Um belo, um maravilhoso, um fantástico, um estupendo século XX para o senhor. Agora, se me dá licença, eu tenho um Sainte-Beuve para acabar.



Não voltei mais à Inglaterra.

domingo, 2 de agosto de 2009

E com vocês, os Dorgados;

domingo, 2 de agosto de 2009


'coloniaferas 012



Abras um livro.


Abriste?

Agora deixes que as imagens venham em tua cabeça e dominem tua mente, deixes que as personagens te iludam e deixes que as palavras, como veneno, enlaçem teu coração e não lhe deixe escapar.

Agora, que estas preso em uma gaiola invísivel, recline-se na cadeira e aproveite, pois a história está prestes a começar...



O grupo Escrita DORGAS foi primeiramente criado na oficina de escrita da Colônia de Feras Kinderland de 2009. O grupo logo se reuniu, animado, e quando vimos - já eramos grandes amigos.

Quando soubemos que a colônia ia ser suspensa, ficamos profundamente tristes; e resolvemos achar um meio de continuarmos juntos, fazendo o que mais adoramos; escrever. Portanto, como estamos na era da internet, tivemos a idéia de criar um blog - e aqui estamos!

Somos apaixonados por escrever, e óbvio, esse blog contará com nossos contos, histórias, crônicas, poemas e muito mais. Os autores? Várias mentes que pensam diferente mas agem igual; que possuem seus corações na ponta da caneta e a alma no papel.





REBECCA
a.k.a BEQUI


Nome: Rebecca Louise F. Rowland, mas gosto muito mais de ser conhecida como Bequi Raiky.
Idade: 15 anos .__.

Gosto muito de ler textos irônicos, ironia santa ironia.
Embora meu gênero favorito seja a ironia, o que eu tenho mais facilidade para escrever são textos góticos e eróticos (não necessariamente juntos xD). Podemos dizer que meus textos são muito mais vermelhos, pretos e azuis. Minha fonte de inspiração são as rosas, sensuais e solitárias, fornecem beleza e dor etc... Também me ajuda escrever ouvindo música.

Meu escritor ídolo: Luíz Fernando Ver!ssimo S2.



BRANCA

Então, meu nome é Branca (é sério), tenho 16 anos e escrevo durante as aulas de física. Leio compulsivamente, de bula de remédio a Balzac. Gosto de quadrinhos. Me ensinaram línguas demais pra eu conseguir falar alguma direito. Quando eu crescer eu quero dar uma de Proust, comer um bolinho e revolucionar a literatura. Ou virar cineasta ou astronauta, ainda não decidi.



FELIPE
a.k.a CHAMEQUINHO

Meu nome é Felipe Chamequinho, tenho 16 anos e só descubro o que escrevo quando estou realmente escrevendo, é do momento. Não tenho grandes aspirações, a escrita é como uma terapia, me dá prazer ( ainda mais quando faz o próximo sentir o mesmo ) e faz com que eu coloque pra fora a minha imaginação. Tento evitar a repetição, mas por mais que eu tente evitar, ela não deixa com que eu evite e acaba fazendo algo que evite o proximo de evitar uma crítica...



EDUARDA
a.k.a EDDIE J.K.

O nome é Eduarda, mas nomes não importam - são apenas feitos para sermos chamados. Sou apenas uma pessoa que segura a caneta ou digita fervorasamente, sou apenas uma icógnita dentro de meus textos; nunca me veem, mas sempre estou lá, detrás das sombras dos personagens e o fogo de suas paixões.

Sou inspirada por Tim Burton, o correr dos ponteiros de um relógio e as emoções a flor da pele e escondidas dentro da alma.

Tenho 14 anos e sou carioca - e escrever não é apenas minha paixão. É minha (dorga) droga.



JOÃO GABRIEL
a.k.a JOGATE

Meu nome é Jogate,vulgo João Gabriel...

Ahh sei lá falar de mim é muito complicado... Gosto de escrever sobre tudo, mas não escrevo bem sobre nada, sempre achei que escrever para mim fosse uma terapia.

Queria falar para vocês que para mim é uma grande satisfação estar escrevendo ao lado de pessoas tão ilustres na minha vida, pessoas que já tem uma importância sem tamanho, pessoas que sei que no futuro serão o que pretendem ser.

Não tenho um estilo ou algo do tipo, não tenho uma leitura favorita.

não tenho muito o que falar, só isso:

"Pior do que a dor do adeus é a certeza do nunca mais" JOGATE



RACHEL
a.k.a KEL

Meu nome é Rachel, mas odeio ser chamada de Rachel (parece que a pessoa tá brigando comigo, sério), prefiro ser chamda de Kel. Tenho 15 anos e não consigo achar uma forma de não deixar isso breguinha.

Tenho um cardeninho onde escrevo tudo o que penso, na maioria das vezes escrevo nas aulas sobre as pessoas a minha volta. Adoro ler por conta própria, odeio ler por obrigação - a causa de eu nunca eu ler os livros da escola.

E queria agradecer a todos voces, que tornaram dessas ferias, umas das melhores (:



LORENA

Meu nome é Lorena Andrade Bichucher, filha de judeus e espiritas, tricolor, extrovertida. Tenho 17 anos, sou apaixonada pelo mistério, pela estratégia, pelo sentimento. Gosto de uma escrita intimista, carnal, erótica. Não concordo nem discordo, muito pelo contrário.


LUAN

Meu nome é Luan de Paiva dos Reis, tenho 17 anos e gosto muito de escrever teatros, filmes (terror, suspense, aventura e romance), novelas e músicas. Esse é meu estilo. Minhas grandes inspirações são quando eu tenho vontade de viver uma coisa e eu não consigo. Eu coloco em minhas escritas, imaginando os momentos que eu quero viver. E quando eu entro na minha história é aí que eu não paro de escrever mesmo; e quando eu vou ver, já escrevi várias páginas. Gosto muito de detalhar e facilitar o máximo entendimento para o leitor e uso palavras do nosso dia a dia e tudo em 2009.







Agora, querido leitor - prepare-se.
A história acaba de ganhar vida.